quarta-feira, 25 de maio de 2016

"VAI ENCARAR LALAU" ESPECIAL, PARTE 1: ENTREVISTADO: PROFESSOR "ESPEDITO CARDOSO"



Hoje, o nosso Blog abre a sua nova etapa da coluna “Vai encarar o Lalau?” Há algum tempo, vínhamos pensando em desafiar o professor Espedito Cardoso para nos encarar, independentemente das perguntas e dos assuntos que queremos abordar com ele. E, para nossa alegria, ele aceitou o desafio, com a sua simplicidade, e, sobretudo, com a sua coragem, como nós o conhecemos.


Espedito Cardoso é um professor conhecido nacionalmente, pelo seu trabalho na Educação, pelos seus livros publicados e pela sua forma de encarar as situações, sem medo de falar a verdade, “doa a quem doer”. Nos últimos anos, tem sido notável a sua capacidade de acompanhar e analisar os acontecimentos da política nacional, sempre com profundidade e argumentos fortes.





Inicialmente, Espedito, queremos agradecer a sua disponibilidade com que sempre foi colunista do nosso Blog e como colaborou para que este meio de comunicação representasse uma arma na mão e na voz do nosso povo, como também pela sua luta em benefício da liberdade de expressão. Para começar nosso bate papo, o que você gostaria de dizer aos nossos leitores, antes de nossas perguntas quentes?...



ESPEDITO: 

Primeiramente, quero agradecer por esta oportunidade ímpar de expressar os meus sentimentos diante do nosso mundo. Eu, como diz Carlos Drummond de Andrade, graças a Deus, “tenho apenas duas e o sentimento do mundo”. E, com esse sentimento do mundo, eu alimento as minhas lutas, procuro não desistir do sonho de um mundo melhor e crio coragem para não me deixar vencer pelas “benesses dos “podres poderes.” Farei o possível, e prometo, falar abertamente, como sempre gosto de fazer. Não irei remoer mágoas, não direi nada que não possa provar, ou que a História não prove, nem falarei sobre coisas nem de pessoas que não mereçam referência alguma. O que discutirei aqui sempre será em nível de consciência política, jamais de cunho pessoal contra quem quer que seja. Pode ficar à vontade, pois aqui estou à sua disposição.

01. BLOG: Bom, Espedito, não poderíamos começar este diálogo sem falar sobre o panorama nacional brasileiro, tanto na política como na economia. Como você está vendo o nosso Brasil nos dias de hoje?

ESPEDITO:

Lalau, como os mais de 85% da população brasileira, não poderia deixar de dizer que vejo o nosso Brasil, hoje, com muita tristeza, decepção e vergonha. Mas não deixarei sucumbir o meu sentimento de ESPERANÇA.
- Sinto uma incontida tristeza, diante do pesadelo em que se transformou o nosso sonho, tão acalentado durante mais de trinta anos – enfrentamos a Ditadura, a repressão e a negação dos nossos direitos e nunca desistimos, por mais pedregulhoso que fosse o nosso caminho. Na década de 1980, lá estávamos, como presidente do Diretório Acadêmico, do Campo da UFRN, de Caicó – na luta pela aprovação da Lei Dante de Oliveira, que resgataria as Eleições Diretas, seguindo com a campanha das Diretas Já, nas ruas do nosso País. Lembro-me de que, com apenas um ano e sete meses, minha filha estava nos meus braços, sob o causticante sol das ruas de Caicó, com um “pirulito” nas mãos e uma camisetinha branca com uma estrelinha no peito, gritando as suas primeiras palavras, que foram “LULA LÁ. Todos os meus amigos se lembram disso.
E a grande decepção que corrói a nossa alma começa por aí, e eu pergunto: onde estão aqueles que estavam juntos naqueles anos e naquelas lutas tão difíceis? Chegamos ao poder, fortalecidos por um sonho de um governo popular, mas, infelizmente, logo os nossos sonhos foram negados, e o que se viu foi um “governo populista”, que trata os pobres como mendigos, dando-lhes as migalhas amortecedoras de mentes, que só levam à dependência, à alienação e ao fanatismo. Enquanto as esmolas chegavam à casa dos mais pobres, eles conseguiram organizar a maior quadrilha institucional já vista na História da Humanidade.
E a minha grande vergonha é ver aquelas mesmas pessoas, hoje, nas ruas, empunhando bandeiras de um Partido, e não de um Projeto de Sociedade para o nosso País. Estão sedentas de poder a todo custo, da ganância por dinheiro e protagonizam a maior onda de corrupção, “nunca vista a História deste País”. Defendem ladrões e corruptos, como se defendessem o direito de roubar como uma coisa sagrada! Isto me enche de vergonha.
Mas a chama da ESPERANÇA fumega, incessantemente, no meu coração: quando pego meu netinho Giovanni e minha netinha Marina pela mão e sigo para uma manifestação; quando os vejo, tão pequenos, confeccionando os “pirulitos” e dizendo “Fora, Dilma”, porque entendem tudo o que os meios de comunicação divulgam. Mantenho a esperança quando vejo que jovens e adultos reprovam todos dos desmandos deste governo e vão às ruas, sem cachê, sem passagem e sem mortadela! Se o nosso povo não tivesse ocupado as ruas e as praças deste País, nada estaria acontecendo para reverter a roubalheira.

Lalau: E o que eles, os seus amigos, falam para você? O que acham de sua posição?

ESPEDITO

Eu sinto reações de todos os tipos. Alguns concordam comigo, porque também não se deixaram vislumbrar pelo fanatismo. Mas outros, aqueles se diziam mais coerentes, têm a cara de pau de me denominarem de “coxinha”, de “reacionário” e de “direita”. Isso não me incomoda, e sabe por quê, Lalau: Porque, se eu como coxinha numa lanchonete, compro com meu dinheiro, não roubei de ninguém e ainda estou colaborando com uma atividade profissional de uma pessoa, que também está ganhando sua vida com dignidade. Como e sobrevivo por causa do suor do meu trabalho. Sou reacionário, sim, mas no sentido de reagir contra todos estes desmandos e roubalheiras, que mancham as páginas de nossa História. Jamais me acomodarei nem me omitirei! E eu digo para eles que, se “ser de esquerda”, agora, é defender ladrão, prefiro ser chamado de “direita”. Afinal, o sonho e a dignidade não têm posição (em cima, em baixo, à esquerda, à direita, etc). O nosso sonho é feito de ideal, de honestidade, de dignidade, e jamais deixarei de lutar pelos meus ideais. Participei e participarei de todas as manifestações populares – sempre fui a pé, de ônibus ou de carona – não precisei de cachê para deslocamento, nem de mortadela para lanchar. Minha única “isca” que me tira de casa para ir às ruas é a consciência limpa, a liberdade de ir e vir e a de expressão, assim como a certeza de que só a nossa luta poderá reconstruir o novo Brasil.

Lalau: Espedito, eu sempre escuto os defensores do governo dizendo que “estamos trocando seis por meia dúzia”; que estamos “trocando o certo pelo duvidoso”; que os que vão ficar no “também são corruptos”, e assim por diante. O que você diz sobre isso?

ESPEDITO: Olha, Lalau, este discurso é tão contraditório e tem várias direções. Veja: primeiro, é um discurso autoritário e dominador – faz-se com que ninguém acredite mais em ninguém é discurso ultrapassado, que só interessa aos poderosos, que não querem perder as mordomias. Quanto mais o povo acreditar que nada pode fazer para mudar, mais a possibilidade de se manter a desgraça que aí está se amplia. Segundo, quando eles dizem que estamos “trocando seis por meia dúzia” e que os que ficarão “também são corruptos”, eles assumem abertamente que praticaram todos os atos ilícitos pelos quais estão sendo julgados. Terceiro, o “Fora, Dilma!” “Fora, Lula!” e “Fora, PT”, que ecoou nos quatros cantos do Brasil, foi apenas a primeira fase deste momento. Sempre dissemos que a faxina deve ser completa e que vamos continuar na luta, até exterminarmos, de uma vez por todas, esta RATAZANA que destruiu o nosso País!

AGUARDEM AS PARTES 2 E 3, DESSA GRANDIOSA ENTREVISTA.

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