segunda-feira, 30 de maio de 2016

VAI ENCARAR LALAU, ESPECIAL" PROF. ESPEDITO CARDOSO" : "RN, SRNADO FEDERAL, GOVERNO DO ESTADO, PARELHAS, AL,



BLOB: Bom, amigo Espedito, depois deste passeio histórico que você fez sobre a situação da política brasileira, hoje, nós vamos discutir sobre o nosso Estado e o nosso município. 

04. Gostaria de saber como você analisa a política do RN, enfocando a nossa representação no Senado da República e na Câmara Federal.





ESPEDITO:

Bom, Lalau, a exemplo do que enfocamos sobre a crise de lideranças políticas em nível nacional, a situação do nosso Estado não é diferente. Historicamente, nós vivemos o dilema de, a cada eleição, decidirmos entre dois candidatos de duas famílias diferentes oligárquicas – é Alves ou Maia? Com o passar do tempo, mediante o fisiologismo político e os interesses particulares, esses caciques começaram a dividir seus quadros em partidos diferentes, como forma de jamais “soltar o osso”. Espraguejavam-se a cada campanha, como se fossem ferrenhos inimigos, mas, já estavam, lá, no mesmo palanque! Esqueceram-se os ódios, os rancores e, “entre tapas e beijos” e olhares esguios e desconfiados, acabaram-se os demônios e reapareceram em forma de “santos” – do pau oco, é claro! E eu pergunto: qual a nova liderança que surgiu nestes últimos anos? Nenhuma. Continuam os mesmos caciques, agora, apadrinhando também os próprios filhos, inclusive para substituir os pais fichas-sujas!
Quanto ao Senado Federal, a situação está pior: um na oposição, também envolvido em crimes de corrupção, e de rabo-preso diante da Operação Lava Jato; um outro, pendurado nas tetas de todos os governos, embebido pelo fisiologismo e pela sede de poder e, quando é do seu interesse, disfarça-se de oposição, também marcada pela nódoa da corrupção; e uma terceira via, convivente e cúmplice com a roubalheira que tomou conta deste País, inclusive com sérias denúncias de recebimento de propina de empreiteiras, conforme fora amplamente divulgado pelos meios de comunicação.
Na Câmara Federal, a votação do Impeachment deixou uma coisa muito clara: cada um estava lá defendendo os seus interesses. Uma semana antes da votação, apenas três deputados do RN estavam a favor do impedimento. Com a pressão popular, através das redes sociais, conseguiu-se fazer com que, no dia da votação, apenas uma deputada ficasse a favor da corrupção. Inclusive, como fora amplamente divulgado nos meios de comunicação, ela se vendeu em troca de um cargo para um cunhado, na direção do Banco do Brasil. E eu pergunto: que lideranças são estas? Dos oito deputados federais, cinco são filhos de políticos tradicionais e de famílias oligárquicas. E o povo, o nosso povo, como diz Bráulio Tavares, na música Nordeste Independente, “continua ao Deus-dará”!
Na Assembleia Legislativa, repete-se esta mesma ladainha, agora também desmascarada com o escândalo dos funcionários fantasmas. E, para nossa vergonha, quando entramos no Portal da Transparência, temos a decepção de vermos pessoas, de todo o Interior do Estado, envolvidas nesse escândalo, inclusive do Seridó e do nosso município!

BLOG: Espedito, diante desse emaranhado, como fica o Governo do Estado? 

ESPEDITO:

O Governo do Estado, Lalau, neste momento, encontra-se mais perdido do que “cachorro em procissão”, como diz o ditado. Depois de vencer aquela histórica eleição contra o mais espúrio e vergonhoso acordão político de nossa História, com a bandeira do fim da violência e do reestabelecimento da segurança pública, hoje, encontra-se refém de “tatus” de presídios que, a cada dia, arrombam mais um túnel e realizam as mais estranhas fugas. Com a debandada de sua base a favor do Impeachment, perde o apoio de aliados, rompe a parceira com o pessoal que defende quadrilha institucionalizada e a corrupção, foi forçado a fazer uma mudança de secretariado, mas a crise continua em todos os segmentos do Estado: na EDUCAÇÃO (analfabetismo crescente, alunos sem professores em várias disciplinas, condições físicas precárias de muitas escolas, etc.); na SAÚDE (as mesmas filas, as mesmas macas em corredores, a mesma falta de assistência ao povo, dentre outras), e na SEGURANÇA PÚBLICA (fugas diárias e contínuas de presos, crimes e violência em todas as ruas).

5. BLOG: Espedito, agora, chegamos ao nosso município. Sabemos que você sempre foi muito atuante na política parelhense. Entretanto, nos últimos anos, observamos que você está um pouco afastado. O que levou você a isso? Alguma mágoa? Você ainda vota aqui?

ESPEDITO

Lalau, todos me conhecem e conhecem também a minha história política, a minha militância estudantil, como também no movimento de professores, inclusive sendo presidente do Diretório Acadêmico do Campus de Caicó/UFRN, e membro da diretoria do SINTE-RN, polo de Caicó. Aqui em Parelhas, faço política desde a Ditadura, quando ainda reinava o bipartidarismo – ARENA e MDB. O MDB, hoje PMDB, era a única oposição existente no Brasil. E eu, de acordo com os meus princípios, nunca apoiei nem fui conivente com ditaduras, corrupção, conluios nem acordos que só visam simplesmente aos interesses particulares. Apoiei e participei de várias campanhas, ainda quando morava aqui, e mesmo depois quando me mudei para Caicó e, posteriormente, para Natal.
Por duas vezes, eu coloquei meu nome à disposição do meu município, em pleitos eleitorais – uma como candidato a vereador, pelo PMDB, em 2000, e outra a vice-prefeito, pelo PT, em 2004. Entretanto, quando o PT, depois de 8 anos de ferrenha oposição na Câmara Municipal, resolve se vender por uma cabeça de chapa, aí, sim, começou a jogar lama nas nossas lutas e na nossa História. Inclusive, já seguindo ordens que desembocavam em nível nacional – tinha-se que se chegar ao poder de qualquer jeito, “os fins” não mais “justificavam os meios”. E eu rompi, definitivamente, com esta falta de coerência e de vergonha!

LALAU: E isso gerou mágoa e ódio?

ESPEDITO:


Eu não sinto mágoa, nem sinto ódio – estes são sentimentos dos fracos e dos mesquinhos! Eu sinto pena! Não deles, quem nem isso merecem da minha parte! Sinto pena das nossas lutas e da nossa História – lutas negadas, História manchada pelo jogo de interesses particulares e pela falta de respeito à inteligência do nosso povo. Em não sinto ódio. E, se o sentisse, há certas pessoas que nem isso merecem!


Lalau: E por que você anda meio afastado?

ESPEDITO


Lalau, eu não ando afastado! Eu ando lutando pela minha sobrevivência e pela sobrevivência da minha filha e os meus três netinhos, que são a razão do meu viver! Na primeira campanha em que me candidatei, mesmo empregado numa empresa do mesmo grupo político do qual eu fazia parte, ganhei como prêmio a minha demissão, um dia após as eleições. E quem deu uma palavra por mim? Ninguém, até hoje! Só contei com a força de Deus e com a minha coragem de lutar, sem me corromper, sem me tornar refém de ninguém! Na campanha em que me desfilei do PT(que já havia se vendido), participei da campanha adversária e, como estava exercendo uma função no INCRA, fui perseguido e demitido de novo. A ordem vinda da Direção Estadual, com a conivência da Direção Nacional, para o então Superintendente, era: “Ou ele, ou você”, segundo ele mesmo me disse, em seu gabinete. Inclusive, até chorou, pois ele tinha plena consciência do grande trabalho que eu estava realizando na Educação do Campo. E eu disse a ele que poderia mandar minha exoneração para o Diário Oficial, porque eu tenho saúde e coragem para trabalhar e não iria morrer de fome por isso. Preferi a exoneração a ter que comungar de certas práticas políticas arcaicas e contraditórias, marcadas pela triste sombra da perseguição.

Lalau: E você deixou de votar em Parelhas? Por quê?

ESPEDITO


Se todas as vezes que eu me coloquei à disposição do povo parelhense, não obtive êxito, certamente a cidade, nestes momentos, não achava que a minha presença aqui seria tão importante. Eu sou um profissional da Educação e não faço da política a minha forma de sobreviver. Se alguns dependem disso para viver, que façam bom proveito! Mas respeitem a inteligência do nosso povo!
Então, como moro entre Natal e Parnamirim, resolvi votar lá, onde recebemos a influência das políticas públicas municipais, boas ou más. Como morava, até três meses atrás, em Nova Parnamirim, hoje eu voto em Parnamirim. Certamente, poderei contribuir, com o meu voto, mesmo não exercendo militância política ali.


BLOG: Caro Espedito, você tem acompanhado as administrações locais nos últimos anos?


ESPEDITO

Não tenho acompanhado diretamente, nem participado. Nem me convidaram, nem eu estaria a fim de me submeter a situações que vão de encontro com os meus princípios. O que faço é apenas acompanhar pelos meios de comunicação, por aqueles omitem algumas verdades, ou por outros que as estampam. E, como tenho minha família aqui, minha filha e meus netos, sempre estou vindo e em contato familiares e amigos, e até com ex-eleitores. E, de uma coisa eu tenho certeza: a felicidade não está reinando por aqui não! A Parelhas “das maravilhas” ainda está muito distante de construir o seu reino! 
Mas podemos afirmar, categoricamente, que são administrações vazias, marcadas por uma mesmice impressionante, com contraditórias indicações de pessoas para exercerem cargos, com apadrinhamentos e com o inchaço da máquina administrativa. Lamentamos profundamente pelos altos índices de violência, pelo atendimento precário à saúde das pessoas, tão amplamente divulgados em meios de comunicação do nosso Estado.

LAMENTO e ABOMINO VEEMENTEMENTE, que, mesmo depois de 16 anos do século vinte um, promessas feitas, na virada do século, ainda hoje não foram efetivadas. E o vento levou as promessas nunca cumpridas! O desrespeito à nossa cultura, com a destruição de patrimônios arquitetônicos, com a falta de apoio aos artistas e a grupos culturais, e até com o fechamento de espaços sagrados para a prática e o desenvolvimento da arte, tudo isso, por si só, já ratifica o grande abismo entre a teoria e a prática de certos gestores.
LAMENTO, VEEMENTEMENTE, a impressão de que temos, hoje, em nosso município, uma oposição apática, desarticulada, beirando à triste atitude da inércia, da conivência e da omissão! Isso eu não entendo! Isso eu não defendo! Com isso, decepciono-me mais ainda!
Tudo isso só ratifica que, a despeito de toda e qualquer obra, que não seja a obra da melhoria das condições de vida do povo, todo discurso é efêmero, toda ação é vazia, toda falácia nega a condição da verdadeira cidadania!

BLOG: Então, Espedito, só temos a te agradecer por esta linda entrevista e deixamos nosso Blog à sua disposição para as considerações finais.

ESPEDITO: 

Caro Lalau, eu sempre que posso participo do teu Blog, com muito carinho! Hoje, já temos mais de 60 publicações nossa, na Coluna de Comentários, e sempre fomos recorde de leitura e de curtidas, mas a nossa humildade continua a mesma. Eu escrevo porque, como disse no início da nossa entrevista, lá na abertura, “tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”, como diz Drummond. E, se eu não escrever, não encontrarei forças para os embates desta vida! Através da escrita, eu consigo partilhar sentimentos, denunciar injustiças e semear esperança. Chego às pessoas a quem nunca chegaram! Falo por pessoas que ainda não falaram! Digo aquilo que tantas pessoas gostariam de dizer! E as pessoas, tantas vezes, me escrevem e dizem que se acham representadas pela minha arte de escrever – nas minhas palavras, nos meus textos e nos meus sonhos!

Tenho acompanhado algumas agressões sofridas por você, como Editor deste importante meio de comunicação, e quero te dizer apenas isso: Não baixe a cabeça, pois, quando a crítica é negativa e, ainda, vinda de quem não merece nosso respeito, ela soa como aplausos aos nossos ouvidos! De uma coisa tenha certeza: se este Blog não fosse tão importante, nem ele nem você seriam vistos, nem boicotado por ninguém. A preocupação com o seu editorial e com a sua repercussão é a mais cabal prova do sucesso deste teu lindo trabalho!
A TODOS, O MEU ABRAÇO, A MINHA FORÇA, A MINHA LUTA...
E A MINHA CORAGEM DE SER LIVRE!

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